Finalizamos uma longa jornada de trabalho. Começou em dezembro de 2019, pós Liga Nacional com treinamentos visando o Pré Olímpico em 2020.
Entrou pandemia, seguimos planejando e trabalhando para encontrar possibilidades de continuarmos nossa missão.
Conseguimos finalizar nossa participação no pré olímpico em 2021, demonstrando uma evolução durante os jogos, apesar de todos os problemas e dificuldades que enfrentamos durante a preparação.
Tenho plena consciência de que poderíamos ter feito melhor e isso se chama experiência.
A experiência vamos adquirindo com o tempo e com o acúmulo de oportunidades que nos são oferecidas.
Tive a oportunidade de seguir adquirindo experiência com a responsabilidade de dirigir o Brasil no Sul Americano e descobrir novos talentos, funções e começar a construir uma nova seleção brasileira, pensando no futuro.
Um campeonato Sul Americano sem muita responsabilidade de classificação para algo maior e excelente para testar, corrigir e descobrir novos jogadores.
Foi falado muito sobre a renovação. Se foi certa ou não, acho que poucos aqui no Brasil têm a expertise para afirmar. Afinal, nunca foi feita da mesma forma, com um sistema e que tenha dado algum resultado muito expressivo.
Infelizmente, todos que estão envolvidos no Polo Aquático brasileiro tem seus interesses na seleção. Seja particular/político ou clubistico.
Ser técnico de clube e seleção não é o ideal para a Seleção Brasileira, apesar de todos os meus esforços, tenho essa consciência.
A confiança entre pessoas é conquistada ao longo do tempo e é impossível, ser duas pessoas diferentes em clube e seleção. A minha confiança com jogadores mais próximos, vejo como normal, sem comprometer o profissionalismo ou tomadas de decisões.
Na minha percepção, ainda como treinador da Seleção Brasileira, só teremos uma melhora no nosso esporte se fizermos um planejamento a longo prazo.
Tanto para construir uma seleção competitiva, quanto para aprendermos a dar estrutura para ela e sua base. Com campeonatos de nível alto, controle da base, detecção de talentos, padronização técnica das categorias de base.
Não podemos ter apenas um objetivo em mente, devemos ter um PLANO PARA CUMPRIR ESSE OBJETIVO. O trajeto, o percurso até ele. CONHECIDO TAMBEM COMO: PROCESSO. E para mim, o principal, devemos gostar e querer fazer parte desse processo…dirigentes, técnicos, jogadores, árbitros e todos que querem ver o melhor do Polo Aquático.
O Sul Américano teve muitos pontos positivos e aprendemos bastante com ele.
Conseguimos dar experiências a muitos jovens jogadores como: liderança, responsabilidade, atitude e comprometimento.
— Mas André, atleta de seleção brasileira já deveria vir com tudo isso!
Concordo, mas não vem. Podemos seguir reclamando de atletas com “defeitos” ou podemos arregaçar as mangas e trabalhar.
Tivemos bons atletas representando o Brasil no Sul Americano. E tivemos bons atletas que não puderam estar na competição. Isso motiva bastante.
Avaliando de maneira geral, todos foram bem. Mesmo os pontos negativos, que foram identificados e poderão corrigir no futuro.
“Perdemos a hegemonia na América do Sul” . Pois bem, se tivéssemos perdido o Sul Americano com nosso melhor time, concordo plenamente. Todos sabemos, que nosso melhor time foi ao Pré Olímpico. Um grupo fantástico que têm muito para colaborar com O Polo Aquático brasileiro. Atletas olímpicos e com muitas atitudes positivas, principalmente a disciplina Rudic, que tanto admiro.
Mas fomos com uma equipe muito jovem, com muito para evoluir. Media de idade de 21 anos. E aí? Devemos pensar em melhorar as condições desses atletas, para que eles nos deem mais, aprendam mais, evoluam mais…
Assim como, os atletas olímpicos que tiveram a oportunidade de viver a experiência em trabalhar com O melhor técnico do mundo, jogar e treinar com os melhores. Agora devemos dar o mesmo aos mais jovens…dentro das nossas possibilidades financeiras atuais.
Vivemos num momento muito difícil da sociedade, onde todos tem suas opiniões e querem expressar. Todos tem o direito, mas devemos ter muito claro a função de cada um.
Temos os que dirigem, os que ensinam, os que apitam e os que jogam. Cada um deve respeitar, refletir e melhorar dentro da sua função.
Enfim, espero que agora, com tempo, os que dirigem o Polo Aquático brasileiro pensem e planejem algo. Determinem um objetivo, perguntem aos técnicos, sobre como deverá ser o processo e deem as melhores condições possíveis para que os jogadores possam dar o máximo dentro e fora da água.
EU TAMBEM QUERO VER O POLO AQUATICO BRASILEIRO NO MAIS ALTO NIVEL.