A Equipe Brasileira de Vela segue com chances de fazer as provas finais – chamadas de regata da medalha – em todas as categorias de Tóquio 2020. O time formado por 13 atletas espalhados em oito classes continua com bons resultados após seis dias de disputadas em Enoshima, no Japão.
Os barcos voltam às regatas na madrugada desta sexta-feira (30), a partir de 00h05, nas classes Laser, Finn, 470 (masculino e feminino), 49er e 49erFx. Os ventos devem ser na direção Sul com intensidade de 7 a 10 nós.
Folgam Nacra e RS:X, que definiu as 10 classificadas para a medal race, incluindo a brasileira Patrícia Freitas, na última vaga disponível.
”É um dia decisivo para os velejadores brasileiros, principalmente para o Robert Scheidt, que segue muito na briga. O atleta tem velejado muito bem em Enoshima, mas o vento deve ser mais fraco aqui no Japão. As meninas Martine e Kahena andam bem nas condições previstas. O nível técnico da competição é muito forte e testa toda a concentração dos velejadores”, disse Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela.
Resultados oficiais — https://tokyo2020.sailing.org/results-centre/
O bicampeão Robert Scheidt folgou na véspera e agora entra em Enoshima para decidir a vaga na medal race da classe Laser, onde conquistou o ouro os Jogos de Atlanta 1996 e Atenas 2004, além da prata em Sydney 2000. O brasileiro de 48 anos está em quarto lugar no geral com 53 pontos perdidos. Quem lidera é o australiano Matt Wearn com 29.
”Faltam duas regatas até a medal race e sigo lutando para a regularidade, com foco para chegar ao domingo com chances de disputar um lugar no pódio. O campeonato está equilibrado e a pontuação entre os principais velejadores está bem próxima”, contou Robert Scheidt, que na Rio 2016, o atleta paulista ficou em quarto, vencendo a medal race.
Nas regatas desta quinta-feira (29), Martine Grael e Kahena Kunze ficaram em sexto e sétimo nas regatas de 49erFx e ocupam a quinta colocação. Já na 49er, Marco Grael e Gabriel Borges fizeram duas ótimas regatas, vencendo uma e sexto na outra, mas ocorreu uma desclassificação. Com isso caíram para o 16º.
Jorge Zarif melhorou os resultados tirando um quinto e um 11º. O atleta paulista segue em 13º no geral com 47 pontos. O oitavo, por exemplo, tem 39. Na Nacra, Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino Sá estão em 11º após cinco regata em Enoshima.
Quem está com regularidade é o time de 470, tanto no masculino quanto no feminino. Henrique Haddad e Bruno Betlhem estão em nono no geral, conquistando um segundo lugar na regata do dia.
E as gaúchas Fernanda Oliveira e Ana Barbachan seguem perto das Top 3 agora em quinto. A terceira regata de 470 foi vencida pelas atletas brasileiras. ”Talento e condições as duas duplas têm. A Fernanda é medalhista olímpica, por exemplo! Eles provaram essa regularidade no ciclo olímpico e os treinos foram juntos, masculino e feminino. Foram várias sessões no Rio de Janeiro”, contou Marco Aurélio de Sá Ribeiro. As duplas são treinadas por Lucas Mazin (feminino) e Gustavo Thiessen (masculino).
A Confederação Brasileira de Vela adotou o critério de enviar tripulações com chances reais em Tóquio 2020, por isso não há no Japão tripulações em todas as classes. RS:X masculino e Laser Radial não contam com atletas do País.
”E os resultados estão se provando bastante positivos! Com mais da metade das regatas, temos chances reais de ter todos os barcos brasileiros indo para a medal race. É uma competição muito técnica, com os melhores do mundo na raia de Enoshima, mas acredito que temos chances de medalha. Classificar as tripulações entre as 10 melhores do mundo já seria um mérito incontestável da equipe”, disse Hugo Mósca, diretor da CBVela.
As regatas começam às 00h05 e estão com transmissão ao vivo e flashs na programação de Sportv, Globo e BandSports.
Patrícia Freitas confirma o 10º
Patricia Freitas encerrou suas regatas de prancha a vela RS:X na madrugada de quinta-feira nas posições 10º e 15º. O resultado garante a brasileira tricampeã pan-americana em 10º no geral. A regata da medalha será no sábado (31).
A atleta tem apenas 31 anos é e está em sua quarta olimpíada. Em Pequim 2008, sua estreia nos Jogos, a brasileira ficou em 18º lugar. Já em Londres 2012 foi a 13ª e na Rio 2016 fez parte da medal race, terminando em oitavo lugar.
Equipe Brasileira de Vela e seus clubes
470 Masculino: Henrique Haddad | Bruno Betlhem ICRJ / RJ
470 feminino: Fernanda Oliveira | Ana Barbachan | CDJ / RS
RS: X feminino: Patrícia Freitas | ICRJ / RJ
Finn: Jorge Zariff | ICRJ/ RJ
Nacra 17 Misto: Samuel Albrecht | Gabriela Nicolino | VDS – ICRJ / RS – RJ
Laser Standard: Robert Scheidt | YCSA / SP
49er FX: Martine Grael | Kahena Kunze | RYC – ICRJ / RJ
49er: Marco Grael | Gabriel Borges | RYC – ICRJ / RJ
Como acompanhar a vela em Tóquio?
As competições de vela nos Jogos Olímpicos possuem entre 10 e 12 regatas, variando conforme a classe em disputa. Os 10 melhores de cada classe disputam uma regata extra, a medal race, que oferece uma pontuação dobrada aos atletas.
Diferente de grande parte das modalidades olímpicas, a vela possui um sistema de pontuação invertido: o campeão é aquele que acumular menos pontos durante a competição. Quanto melhor colocado na regata, menos pontos um atleta ou uma equipe soma.
O vencedor será o velejador que, ao fim de todas as regatas, tiver acumulado menos pontos. Todos os competidores podem descartar o pior resultado na fase inicial das regatas. O percurso das regatas é definido pela organização, que forma uma linha imaginária com dois barcos para definir o ponto de largada e o de chegada.
Contornando as boias utilizadas para demarcar o percurso, os veleiros saem contra e voltam a favor do vento. As regatas podem ser adiadas e até mesmo canceladas pela falta de vento. Todas as embarcações de uma mesma classe devem ter dimensões idênticas. Dessa forma, o resultado é determinado exclusivamente pelo talento e estratégia dos velejadores.
SOBRE A CBVELA
A Confederação Brasileira de Vela (CBVela) é a representante oficial da vela esportiva do país nos âmbitos nacional e internacional. É filiada à Federação Internacional de Vela (World Sailing) e ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Tem o Bradesco como patrocinador oficial, e o Grupo Energisa como parceiro oficial e patrocinador da Vela Jovem. A vela é a modalidade com o maior número de medalhas de ouro olímpicas na história do esporte do Brasil: sete. Ao todo, os velejadores brasileiros já conquistaram 18 medalhas em Jogos Olímpicos.
Texto: Flávio Perez | CBVela & On Board Sports