A Volta ao Mundo Globe 40 teve início neste domingo (26) com a participação de sete barcos da Class40. As duplas partiram de Tanger (Marrocos) com destino à primeira escala que é São Vicente (Cabo Verde) para 1722 milhas náuticas pelo Mediterrâneo e Atlântico.
A regata oceânica conta com oito etapas pelos mares do mundo totalizando mais de 30 mil milhas náuticas velejadas ou 55 mil quilômetros. Serão nove meses de prova, com chegada prevista de 13 a 20 de março de 2023 na cidade de Lorient, na França.
Equipes do Canadá, EUA (dois barcos), França, Holanda, Japão e Marrocos largaram da Mariana Real de Tânger na tarde deste domingo com ventos de 15 nós e temperatura na casa dos 27 graus. A organização calculou uma média de 10 nós de vento por perna, mas os navegadores devem encarar situações adversas pelos mares do sul, incluindo a famosa passagem pelo Cabo Horn. A Globe40 tem o mesmo formato da antiga Volvo Ocean Race com travessias pelo mundo e escalas nos continentes.
A largada ocorreu na tarde deste domingo (26) na cidade de Tânger, que se tornou a primeira da África a sediar uma partida de regata deste porte. Os ventos de quase 20 nós ajudaram os sete barcos a ganhar velocidade rumo ao próximo porto, que é a ilha de Cabo Verde. Antes de iniciar o percurso em mar aberto, os times fizeram 7 milhas entre bóias com visão privilegiada da praia marroquina.
”Para nossa marina, a regata Globe40 coincide primeiramente com o 4º aniversário de seu comissionamento. Não poderíamos comemorar melhor este aniversário com um evento tão importante. Esta é a primeira vez que uma vela de volta ao mundo parte de uma cidade africana e árabe”.
”Esses barcos são fascinantes. Portanto, para nós, este é um evento importante e realmente esperamos que eventos semelhantes aconteçam novamente no futuro”, explicou Mohamed Ouanaya, presidente do Porto de Tânger.
E por falar em Marrocos, a dupla local do barco IBN Battouta Tribute 2022 com Simon Boussikoul e Omar Bensenddik usou bem o conhecimento da raia para abrir vantagem pelo Estreito de Gibraltar. Os franceses do Globe in Solitaire tiveram problemas no barco e voltaram à marina de Tanger para reparos.
Sobre a regata
A Class40 é um veleiro monocasco para regata de mar aberto e cruzeiro com comprimento máximo de 40 pés. O objetivo original da categoria era tornar as provas offshore acessíveis a velejadores amadores. O sucesso da classe a moveu além desses parâmetros, com cada vez mais velejadores profissionais envolvidos. Parte disso é a regra de open box, que mantém os custos baixos.
Apesar de não contar com nenhum velejador, o Brasil estará representado na Globe 40 com a parada de Recife (PE) no início de janeiro de 2023. O primeiro veleiro vindo de Ushuaia (Argentina) deve cruzar a linha de chegada no Cabanga Iate Clube depois de 21 de janeiro. O percurso terá ao todo 3289 milhas náuticas de distância na subida do Atlântico. A organização projeta uma Vila da Regata na capital pernambucana para visita das embarcações.
”É um novo projeto de regata, com desafios diferentes para os navegadores da Class40. O evento é mundial com uma categoria de barco presente em vários continentes, não apenas frequentada por franceses”.
”Serão oito meses de prova com várias situações a serem enfrentadas pelos velejadores. Também será interessante saber como eles irão lidar com a convivência a bordo, pois são apenas duas pessoas em um pequeno espaço”, disse Christophe Gaumont, diretor de regata.
As etapas mais longas são a segunda e a terceira, com mais de 6 mil milhas náuticas para os percursos entre São Vicente (Cabo Verde) até Port Louis (Ilhas Maurício) e Port Louis (Ilhas Maurício) até Auckland (Nova Zelândia). Nas duas travessias, as duplas da Globe40 devem demorar de 32 e 25 dias, respectivamente.
A pontuação da regata Globe 40 será diferente por etapas. As provas mais longas terão coeficiente maior, como a descida do Atlântico de São Vicente (Cabo Verde) até as Ilhas Maurício, e as travessias dos Mares do Sul, como Ilhas Maurício até Auckland (Nova Zelândia) e Papeete (Polinésia Francesa) até Ushuaia (Argentina). Percursos um pouco menores como Papeete (Polinésia Francesa), Ushuaia (Argentina), Recife (Brasil) e Granada até a final em Lorient (França) valem dois de coeficiente e as menores somam um ponto.
Os barcos Class40 podem ter três velas para toda a duração do evento, que podem ser trocadas nas stopovers, com exceção da vela mestra. Em caso de perda total ou destruição da vela grande constatada pelo júri, uma nova poderá ser instalada. A lista de velas a bordo deve ser declarada 24 horas antes do início de cada perna.
Mapa da regata — https://www.globe40.com/en/map-tracker/
Por Flávio Perez
Foto: Jean-Marie Liot