No dia 28 de junho de 2015 a Fórmula E conheceu o primeiro campeão de sua história, em uma disputa eletrizante pelas ruas de Londres, no Reino Unido. Três pilotos chegaram a capital inglesa com chances de título: Lucas di Grassi, Sébastien Buemi e Nelson Piquet Jr. E foi o filho do tricampeão mundial que levou a melhor.
Com passagem na F1 e Nascar antes de ingressar na Fórmula E, Nelsinho Piquet chegou à categoria de carros elétricos com um enorme desafio: conduzir a pequena China Racing Formula E Team ao pódio. E ainda assim, conquistou o título diante de fortes adversários e cravou seu nome na história da competição que a partir da temporada 2020-21, usará a chancela de Campeonato Mundial da FIA.
“Definitivamente foi uma conquista muito importante para mim. Foram poucas as vezes que eu sentei em um carro em nível de igualdade com os demais competidores. E sempre que isso aconteceu, eu consegui andar bem”, comentou Nelsinho Piquet sobre ser o primeiro campeão da história da Fórmula E.
“Quando o piloto sabe que não possui o melhor carro, isso vai o desmotivando aos poucos, gerando duvidas em sua cabeça, o que é normal. Por isso, ter voltado a uma categoria de monoposto, correr ao lado de pilotos de alto nível, em uma equipe que apesar dos carros iguais, era a mais nova e que não estava totalmente preparada, e ainda assim conseguir o resultado que tivemos, foi muito importante para mim.”
Foi um início de campeonato complicado para o filho do tricampeão mundial de F1 Nelson Piquet, com alguns resultados abaixo do esperado nas duas primeiras provas, além do desafio de conseguir a verba necessária para assegurar o seu lugar na novata equipe.
“Foi um início difícil de temporada. Eu tinha muitas duvidas sobre a equipe, a qual tinha pedido um patrocínio e eu acreditei que tinha conseguido, mas a verba era muito pequena e por isso fiquei sempre ameaçado de não correr após as primeiras corrida. Depois que conquistei o primeiro pódio, a situação foi melhorando, e com a primeira vitória o meu contrato mudou e eles passaram até a me pagar.”
Nelson Piquet Jr conquistou seu primeiro pódio na terceira prova da temporada, em Punta del Este, no Uruguai. Depois de mais duas provas na zona de pontuação, veio a primeira vitória em Long Beach, repetindo a façanha do pai que 35 anos antes, no mesmo local, venceu seu primeiro GP de F1.
Nelsinho chegou em Londres na liderança do campeonato após vencer em Moscou, com 17 pontos de vantagem para o então segundo colocado, seu compatriota Lucas di Grassi. Mas, a primeira prova daquele fim de semana criou mais um postulante ao título: o suíço Sébastien Buemi, que venceu e assumiu a vice-liderança, diminuindo a diferença para o líder para apenas cinco pontos.
Na última prova, o cenário era perfeito para Buemi: enquanto o piloto suíço da Renault e.Dams largava em sexto, Di Grassi largou em 11º e Piquet apenas em 16º, o que obrigou o piloto brasileiro da China Racing Formula E Team a fazer uma prova de recuperação.
“Naquela última largada, saindo lá de trás (16ª posição), foi uma mistura de emoções. De tristeza ao sentimento de faca nos dentes, e acho que consegui colocar dentro de mim que naquela situação, eu não tinha mais nada a perder e ir para o tudo ou nada”, explicou Nelson Piquet Jr.
Enquanto Piquet fazia uma prova de recuperação, Buemi acabou rodando na saída dos boxes, o que lhe custou à quinta posição para o brasileiro Bruno Senna.
Uma intensa batalha foi travada entre Buemi e Senna, com o brasileiro se sustentando a frente do suíço até a bandeirada, resultado que foi o suficiente para Nelsinho Piquet, que terminou a prova na sétima colocação, faturar o título com apenas um ponto de diferença.
“Juntando o sentimento de ‘tudo ou nada’ com o meu bom relacionamento com os demais pilotos, que não me bloquearam de uma forma constante como foi o caso do Bruno Senna com o Buemi, consegui me recuperar e terminar em sexto, o suficiente para ficar um ponto na frente e levar o título. Talvez se o relacionamento entre os dois fosse um pouco melhor, o Bruno não teria segurando tanto o Buemi e ele tivesse levado o título.”
Nelson Piquet Jr permaneceu mais três temporadas inteiras na Fórmula E, e ainda disputou metade da quinta temporada, quando entrou em comum acordo com a Panasonic Jaguar Racing e deixou a competição de monopostos elétricos. Hoje, o piloto brasileiro corre na Stock Car.
“Eu me considero um bom piloto, mas nem sempre tive os melhores equipamentos para andar. Porém, sei que isso faz parte da carreira de qualquer piloto. É preciso se adaptar e passar por esses momentos difíceis. É preciso se superar, que foi o que fiz na Fórmula E em meu primeiro ano”, completou o campeão.